Jogo de tabuleiro Caminhos do Quilombo integra tecnologia social Oficina de Negócios, que faz parte do The Human Project
No município de Santa Luzia do Itanhy, região Sul de Sergipe, crianças estão aprendendo as quatro operações matemáticas básicas com um jogo de tabuleiro de cunho pedagógico. O ‘Caminhos do Quilombo’ foi criado a partir da tecnologia social Oficina de Negócios (ON), da organização The Human Project (THP), que integra formação em empreendedorismo, educação financeira e inteligência emocional para jovens e adultos. O THP conta com o apoio do Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec).
Construído de forma participativa com professores da rede municipal de Santa Luzia do Itanhy, cada detalhe do jogo foi cuidadosamente planejado para refletir as riquezas dos povoados quilombolas da região. O projeto partiu da iniciativa de Mayne Yasmim dos Santos, 20 anos, aluna do curso de Pedagogia na Universidade Tiradentes e reaplicadora da Oficina de Negócios. A estudante se uniu a João Vitor Félix de Jesus, 28 anos, e Johnata Tavares, 26 anos, professores de matemática da rede municipal na cidade.
Em conjunto, o trio buscou uma solução que colaborasse para enfrentar os problemas da maioria dos alunos em resolver e entender as quatro operações matemáticas básicas. Foi partindo dessa premissa que surgiu a ideia da construção de um jogo para ser utilizado como recurso pedagógico e minimizar tais dificuldades de forma lúdica. O jogo homenageia os sete povoados quilombolas situados em Santa Luzia do Itanhy.
O primeiro passo foi definir o público-alvo, que é de 9 a 14 anos. A partir das reuniões e encontros, veio a ideia de criar um tabuleiro com situações cotidianas e regionais, em que os alunos pudessem utilizar operações básicas para resolvê-las. “Assim, buscamos estimular o desenvolvimento na aprendizagem de forma coletiva, descontraída e contextualizada. Foram mais de seis meses de discussões, planejamento, design e produção, para que o jogo começasse a ser utilizado nas escolas”, resumiu Mayne Yasmim.
“O material terá distribuição gratuita, está licenciado junto ao ‘Creative Commons’ e visa beneficiar principalmente as comunidades representadas no jogo, mas também de todo o município. Esse formato serve de inspiração para criar materiais contextualizados com outras comunidades, como forma de valorização da identidade local e contextualização do aprendizado”, detalhou o cofundador do THP, Saulo Barreto.
Para o secretário da Sedetec, Valmor Barbosa, o apoio ao THP representa o compromisso do Governo do Estado com o desenvolvimento social e tecnológico. “Além de construir soluções inovadoras, o The Human Project procura estimular o senso de pertencimento entre a comunidade local, sem esquecer seu potencial de expansão global. O fortalecimento da identidade sergipana sempre perpassa as iniciativas do THP, e o jogo ‘Caminhos do Quilombo’ ilustra perfeitamente essa lógica”, resumiu. Além de ser apoiada pela Sedetec, a tecnologia social Oficina de Negócios também conta com a parceria da ELO.
Como funciona?
No jogo ‘Caminhos do Quilombo’, os jogadores exploram a cultura e história dos povoados de Santa Luzia do Itanhy, avançando ou retrocedendo no tabuleiro ao resolverem questões usando operações básicas. Aproveitando que a Educação Financeira é parte do currículo da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e pilar da Oficina de Negócios, o jogo inclui situações simples para ensinar esse conhecimento de forma prática e contextualizada.
O jogo usa cédulas chamadas ‘Quilombares’, tendo como símbolo Zumbi dos Palmares. As operações matemáticas são codificadas por cores, com cartas correspondentes e casas no tabuleiro que desafiam os jogadores a resolverem problemas matemáticos. Os pinos representam animais locais como o aratu, siri, macaco guigó, garça e jiboia. Cartas especiais permitem interação digital com QR Codes que levam a ilustrações em 3D.
Sobre o THP
O The Human Project tem como essência a formação de capital humano, cuja prática se realiza através da construção de tecnologias sociais nas áreas de educação básica, educação empreendedora e saúde básica, e na geração de negócios sociais com apelo global. Em atividade desde 2003, o THP desenvolveu 21 tecnologias sociais no total, com dez em fase de escala no momento. Ao todo, 40 mil pessoas já foram beneficiadas em 40 cidades de oito estados.